

Fazer residência ou trabalhar direto?
O que é melhor: fazer residência ou trabalhar direto? Essa é a dúvida de muitos recém-formados e pode ser a sua também. Nesse breve resumo, vamos tentar te ajudar a tomar essa decisão.
O seu caminho é único
A primeira coisa é ter clareza que o seu caminho é só seu. Não tem nenhum problema em fazer as coisas diferentes da maioria (ou o que parece ser a maioria).
É engraçado que, quando conhecemos as histórias das pessoas, dá para ver que cada uma tem os seus talentos e circunstâncias. Não dá para colocar todo mundo em caixinhas.
Amadurecimento vem com o tempo e experiências
Nós só amadurecemos depois de passar por alguns bons perrengues na medicina. Privação de sono, fome, problemas com o chefe… A lista só aumenta.
Um ponto muito positivo da residência é que traz uma nova realidade. Você já deve saber que os primeiros meses de R1 são famosos pela carga horária, mas a carga emocional também é bem intensa. Você vai falar com os seus pacientes enquanto sonha (cuidado que eles podem te responder, hein?!).
Agora, trabalhar direto também é bom, pois te permite conhecer várias áreas. Plantões, UBS, consultório,… Ir para o campo de batalha e ver com os próprios olhos as realidades mais diversas de um médico.
Planejamento Financeiro
Dinheiro é importante e a bolsa de residência, dentro da realidade médica, é muito baixa (R$ 3 a 4 mil/mês). Por isso, antes de começar a residência, é MUITO importante saber:
- os seus custos básicos (aluguel, transporte, comida, móveis da casa, faxina/cozinha,…)
- quanto você tem de caixa, principalmente nos primeiros meses. No primeiro semestre de R1, é difícil pegar plantões para complementar a renda. No R2, já dá para pegar alguns outros plantões na semana.
Por isso, não tem problema nenhum adiar a residência para fazer um pé-de-meia. A Nicole, nossa mentora, atrasou a residência por mais de 2 anos pois queria ter um carro em São Paulo.
Nesse ponto, nós somos muito privilegiados. Com 2 ou 3 plantões por semana, dá para ganhar mais de R$10mil por mês.
Não se esqueça do privilégio que é ter uma profissão tão nobre e que se paga bem.
Carreira e formação Técnica
Para e pensa: que médico você quer ser? Quer ser professor? Especialista ou generalista? Quer ser gestor ou trabalhar com tecnologia? Quer só dar plantão para o resto da vida?
A Gio, nossa mentora, se formou e foi trabalhar pois queria juntar dinheiro. O problema foi quando chegou agosto/setembro e ela viu que tinha muita coisa para aprender ainda.
A residência te ajuda a “pegar mão” de muitas coisas que não te ensinam no dia-a-dia do trabalho. O principal risco de quem pega o CRM e perde a cabeça ao ganhar um pouco de dinheiro é acabar ficando só nisso como médico.
Trabalhar também te ajuda a ver, na prática, o que você gosta e o que você detesta. Tem gente que adora cirurgia até começar a operar. Outro caso comum é se apaixonar por pediatria até começar a ver a realidade das doenças infantis.
Mergulhar no mundo real te ajuda a descobrir o seu caminho e que formação você deve buscar.
Você vai se surpreender com as luzes que podem aparecer para você.
Vida pessoal
A medicina faz parte da nossa vida, mas não é tudo. Temos namorado(a), família, filhos, amigos,… Queremos morar perto de um grande centro, ter certa qualidade de vida. Algum parente pode ficar doente e queremos ajudar…
Não dá para ver a medicina fora de um contexto maior. O plano da sua vida é maior que o seu plano de carreira.
Às vezes, fazer pausas na carreira é bom para refletir um pouco sobre nossas prioridades como pessoa.
Pra fechar…
O melhor conselho é olhar para as suas circunstâncias e ver o que é mais importante para você hoje. Você precisa de dinheiro? Ou já tem claro que especialidade seguir e o resto está estável? Precisa ter uma carga horária mais baixa por conta da família?
Como a Gio diz: já deu certo. Não tem nenhum problema ter dúvidas ou achar que você não está pronto. Você vai se formar como médico (se já não é formado). Já deu certo.